(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
A Argentina conseguiu passar para a final nos pênaltis, depois de duas defesas do goleiro Sergio Romero. Ele parou as cobranças dos holandeses Vlaar e Sneidjer, e levou os nossos maiores adversários para onde tanto queríamos estar: na decisão da Copa.
Alemães e argentinos disputam o título no próximo domingo (13), às 16h (de Brasília), no Maracanã, no Rio. Será a terceira final de um Mundial entre as seleções. Em 1986, a equipe de Maradona venceu. Quatro anos depois, o time germânico levou a taça. Agora vem o tira-teima.
A partida desta quarta-feira (9), na Arena Corinthians, em São Paulo, definiu o adversário do Brasil na briga pelo terceiro lugar. A seleção enfrenta os holandeses no sábado (12), às 17h, no Mané Garrincha, em Brasília. Eles foram algozes do Brasil em 2010, quando a seleção deixou a Copa nas quartas de final. Na competição na África do Sul, foram dois gols dos holandeses contra um brasileiro, em uma vitória de virada.
Nos 120 minutos do jogo de hoje, ninguém marcou gol. Holanda e Argentina entraram em campo tão preocupadas com o que a outra ia fazer que esqueceram de jogar. Ao término dos 45 minutos iniciais, foram apenas quatro finalizações – três dos argentinos e uma dos holandeses.
O medo de perder continuou ditando o ritmo do jogo no segundo tempo. A diferença é que a Holanda passou a ter mais posse de bola. A partir dos 20 minutos, a Argentina deixou de ser passiva e adiantou a marcação. Pegando forte no meio-campo, obrigava a Holanda a trocar passes no campo defensivo, e o jogo ficou mais monótono ainda.
A prorrogação parecia inevitável. Quando começou, holandeses, como Arjen Robben, mostraram fôlego extra, mas não adiantou. A decisão foi para os pênaltis. Na primeira cobrança, Vlaar chutou para defesa de Romero. A torcida azul explodiu. Na penalidade de abertura da Argentina, Lionel Messi. A bola foi para um lado, e o goleiro holandês Cillessen para o outro, e gol. Em seguida, Robben e Garay fizeram, até que Romero novamente conseguiu parar um chute, vindo de Sneidjer. Daí em diante, os hermanos ficaram em contagem regressiva para a festa. Agüero marcou, Kuyt também, e Maxi Rodriguez garantiu a vaga na final. O placar dos pênaltis terminou em 4 a 2.
Na Fan Fest em São Paulo, argentinos vibraram com a conquista.
No Rio, argentinos prometem festa até domingo. O Secretário do Turismo da cidade espera até 70 mil turistas do país vizinho. Para receber tanta gente, a Riotur vai oferecer a Praça da Apoteose, no Centro, como novo estacionamento de trailers e motorhomes. O Terreirão do Samba, com 140 veículos, já está lotado. Os ônibus de fretamento serão encaminhados para o Fundão.
"Vamos fazer muito barulho até domingo, quando comemoraremos o tri", prometeu o publicitário Juamma Rojo, de 30 anos, que está na cidade com três amigos.
Sem ingressos
Argentinos que estão em São Paulo ainda tentavam nesta quarta-feira (9) comprar ingressos para a semifinal contra a Holanda. Cerca de 400 torcedores fanáticos causaram tumulto na frente de um prédio na altura do número 1.900 da Avenida Angélica.
Eles reclamavam que a Associação de Futebol Argentino (AFA) havia lhes informado que estaria naquele local para vender bilhetes para o jogo. Como não foram recebidos por ninguém, os torcedores chegaram a gritar palavras de ordem na frente do edifício. O grupo só começou a se dispersar com a chegada da Polícia Militar.
(Foto: Kleber Tomaz/G1)
Desespero dos holandeses
Um vídeo gravado pelo G1 na Embaixada da Holanda em Brasília durante o jogo contra a Argentina na tarde desta quarta mostra a tristeza e o desespero dos torcedores quando Maxi Rodríguez acertou a cobrança de pênalti que tirou a seleção europeia da final da Copa do Mundo.
"Foi um sofrimento", desabafou o cientista político holandês Rutger Bults, de 33 anos, após ver o último lance do jogo. Para o torcedor, o goleiro da seleção holandesa deveria ter sido substituído no momento dos pênaltis, como ocorreu no último jogo contra Costa Rica.
‘Pane de seis minutos’
Entre muitas explicações sobre o vexame diante da Alemanha ontem, a equipe técnica da seleção brasileira admitiu, nesta quarta-feira (9), que o resultado foi catastrófico, mas defendeu o trabalho do grupo. “Depois da Copa das Confederações, tivemos uma derrota e nove vitórias. Tínhamos uma equipe preparada, um sistema de jogo. Foi a primeira vez, desde 2002, que chegamos à semifinal. Foi uma derrota ruim, seis minutos de pane geral. Se eu pudesse te responder o que aconteceu naqueles seis minutos, eu responderia, mas eu não sei”, disse o técnico Luiz Felipe Scolari.
Ele voltou a reclamar de tratamento diferente a erros da arbitragem a favor do Brasil e de outros países, se recusou a comentar seu futuro antes do jogo de sábado, em que irá brigar pelo terceiro lugar, e disse que foi surpreendido pelo nível dos adversários da Copa do Mundo. “As equipes estavam melhores do que imaginávamos, jogando um futebol de boa qualidade”, afirmou Felipão.
Vergonha
Nas capas de jornais estrangeiros, humilhação, fracasso e vexame foram algumas das palavras para descrever o desempenho da seleção brasileira.
Tristeza pós-jogo
Até estrangeiros lamentaram a derrota para os alemães. O casal neozelandês Matthew Williams e Anna Delahunty disseram que foram muito bem recebidos por onde passaram, por isso, torciam para que a taça ficasse no país. "Eu adoraria ver um Brasil x Argentina. Seria a final perfeita", disse Anna.
Tomaz Magalhães da Rocha, de 9 anos, foi um dos que choraram no Mineirão ontem. “Eu senti decepção e tristeza porque eu achei que o Brasil ia ganhar o jogo, só que aí eu chorei porque eu vi que o Brasil não ia conseguir”, disse.
Um garoto que foi capa de jornal após a eliminação do Brasil em 1982 não se esquece do sofrimento e se identifica com meninos como Tomaz. O choro de José Carlos Rabello Jr., então com 10 anos, foi símbolo do pesadelo naquela Copa. “Era uma sensação de perda, de frustração. De não entender. E agora, essa seleção, não vou poder mais assistir”, lembra. Agora, ele mora em Florianópolis, tem dois filhos, e também sofreu com as crianças do Mineirão.
“Me identifico com elas. Mas este sofrimento nos faz crescer, nos dá força. Então, neste momento, sofram, mas não deixem de acreditar, não deixem de gostar da seleção, de torcer. Porque eu tenho certeza que a seleção vai nos trazer muitas alegrias. O importante é aprender para sermos fortes e seguir em frente”, declarou.
Ao falar sobre a partida, a repórter da Globo Fernanda Gentil se emocionou ao vivo, durante o programa Encontro, de Fátima Bernardes.
A colunista do G1 Andrea Ramal dá dicas para conversar com as crianças sobre o fracasso da seleção. Segundo ela, o fato é uma oportunidade para ensinar os filhos a lidar com a frustração. "É convivendo com a frustração e a decepção que as crianças desenvolvem a capacidade de reagir diante dos problemas e das situações adversas. Assim vão, aos poucos, construindo a maturidade emocional."
Palpites certeiros
Parecia improvável que alguém acertasse o resultado do jogo desta terça (8) entre Alemanha e Brasil, mas, entre brincadeiras, sonhos e previsões, a aposta certeira de 7 x 1 acabou aparecendo em bolões pelo país e nas redes sociais.
“Apostei, mas não estava acreditando muito. O susto foi aumentando a cada gol”, conta Aparecido Pereira da Silva, de 46 anos, vencedor do bolão feito entre frequentadores de um bar de Cascavel, no oeste do Paraná. No total, foram 33 palpites e apenas um ganhador. O prêmio de R$ 165 pela aposta de R$ 5 foi entregue à colega de trabalho que previu o resultado. “Ontem ela estava procurando alguém que soubesse de um bolão e me falou do sonho. Também não acreditei muito, mas no fim foi uma loucura que deu certo”, disse.
O estudante Elton Sato, de Maringá, no norte do Paraná, foi um dos poucos que imaginou que os brasileiros teriam a maior derrota de sua história em mundiais. Ele venceu, sozinho, um bolão com 148 mil apostas, organizado pelo canal SporTV. “Eu estava apostando em resultados comuns e não tinha ganhado nada. Aí vi a Seleção com o Fred, o Felipão desorientado e resolvi chutar alto, apostar em um placar que eu sabia que ninguém apostaria. Brasileiro nunca arrisca contra o próprio time”, diz ele, que ganhou uma TV.
O eletricista Flavio Rodrigues de Almeida, de 44 anos, deu três palpites em bolão com amigos no Distrito Federal, sem pretensão de ganhar os R$ 480. No primeiro, a seleção comandada por Felipão vencia os alemães por 5 a 3. No segundo, perdia por 7 a 1. No terceiro, se consagrava com 6 a 0. Fã de futebol, ele até havia postado no dia da abertura do Mundial uma foto com a mulher do goleiro Júlio César, Susana Werner, dizendo que a devolveria até a partida seguinte. “Coloquei [essas apostas] de sacanagem, e meu amigo ainda brincou comigo, perguntou se eu era louco. Não esperava o vexame. Eu só queria que a seleção ganhasse”, afirmou.
Um menino de 10 anos acertou o placar e ganhou R$ 40 no bolão da família em Vitória (ES). O estudanteFelipe José contou que decidiu apostar alto por causa dá má estrutura do time e despreparo dos jogadores. Mesmo assim, o menino revelou que ficou feliz e triste ao mesmo tempo. “Eu preferia ver o Brasil ser campeão a ganhar o bolão”, disse entre risos.
“Sonhei que a Alemanha ganhava de 7 X 1...”, postou no Facebook o engenheiro Flavio Spina, de São Paulo, por volta das 8h da manhã de terça-feira (8). Onze horas depois, quando o palpite se concretizou, o comentário de Flavio fez sucesso na rede social. “Acordei pensando: Nossa, que maluco. Vou postar, o pessoal vai dar risada”, conta. Agora ele lamenta não ter apostado o resultado em lugar nenhum.
O empresário Fernando Emanuel Surenza Ferreira Alves, de 31 anos, ganhou R$ 450 em bolão feito entre amigos e parentes em Campo Grande. Ele resolveu arriscar um placar alto por brincadeira. Quase se arrependeu, mas acabou sorrindo no final – em termos. “Quando o jogo estava parelho até os 10 minutos, eu estava arrependido. Aí a Alemanha fez 5 a 0 e passei a acreditar, mas já no 7 a 0 pensei que o Brasil não conseguiria fazer ao menos um gol. Foi quando o Oscar fez a minha alegria. Só que, como todo torcedor brasileiro, fiquei triste pela eliminação.”
Máfia dos ingressos
O franco-argelino Mohamed Lamine Fofana e outros seis suspeitos de integrar uma quadrilha internacional de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo tiveram habeas corpus negado pela Justiça do Rio de Janeiro, e vão continuar presos.
Segundo investigações da polícia, Fofana é um dos líderes do esquema, no qual três empresas de turismo no Rio, interditadas pela polícia, recebiam bilhetes VIPs e vendiam acima do preço. Uma entrada para a final da Copa no Maracanã chegava a custar R$ 35 mil, e a quadrilha faturava mais de R$ 1 milhão por jogo. Entenda como funcionava a máfia
Ao todo, 12 pessoas foram presas na operação da Polícia Civil, batizada de Jules Rimet. Destes, apenas o CEO da Match Services, única empresa autorizada a vender ingressos para a Copa, está em liberdade. Raymond Whelan, apontado como facilitador, foi solto na madrugada de terça.
A Polícia Civil entregou nesta quarta-feira (9) ao Ministério Público o inquérito sobre o caso. Os 12 presosforam indiciados pelos crimes de cambismo e associação criminosa.
Punição à Nigéria
A Fifa anunciou nesta quarta-feira uma suspensão à Federação Nigeriana de Futebol (NFF, na sigla em inglês) por conta de interferência governamental na entidade. Segundo nota oficial, a punição dada pelo Comitê de Urgência tem efeito imediato e só chegará ao fim quando o governo nigeriano interromper as ações judiciais para controlar a federação.
Com a suspensão, a seleção nacional e os clubes do país estão impedidos de participar de competições internacionais. A seleção feminina sub-20 deve ser excluída do Mundial da categoria, que começa em 5 de agosto.
http://g1.globo.com/mundo/blog/o-dia-na-copa/1.html
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