quarta-feira, 11 de junho de 2014

SÃO JOÃO

Salve, salve minha gente
Em cordel quero mostrar 
A história de uma tradição 
Que devemos preservar, 
É a quadrilha matuta, 
Um festejo popular. 

Dançada no mês de junho 
No Brasil e especialmente 
Nos estados do Nordeste 
Onde permanentemente 
O povo se esforça para 
Viver sempre alegremente. 

A quadrilha é um misto 
De teatro, música e dança 
Onde aquilo que é cantado 
A platéia embalança 
E agrada do mais velho 
À mais nova criança. 

Baião, xote, xaxado, 
Nosso forró pé-de-serra 
São tocados por sanfona, 
Só quem sabe é quem não erra, 
O triângulo, a zabumba 
Fazem o som da nossa terra. 
-01-

Uns dizem que foi na França, 
Outros que na Inglaterra 
Onde a quadrilha surgiu, 
Mas aqui em nossa terra 
Fora bem assimilada 
Pelo homem do pé da serra, 

Do sítio, vila, cidade 
E a mulherada adorou, 
Foi uma festividade 
Que no Brasil se espalhou 
E por resistir ao tempo 
É sinal que tem valor. 

Em 1808, 
Fugindo de Portugal, 
Navegando em caravela, 
Chegou a Corte Real 
Portuguesa ao Brasil, 
O motivo, nada banal: 

Napoleão Bonaparte 
Ameaçou invadir 
Portugal e quem tentasse 
O comércio insistir 
Com o povo da Inglaterra, 
Era ordem a se cumprir. 
-02- 

Dom João, rei de Portugal 
Manteve com a Inglaterra 
O comércio, mas depois 
Viu que ia dá em guerra, 
Temendo Napoleão, 
Aportou em nossa terra. 

Com ele, além da corte, 
Veio desenvolvimento, 
A divulgação da arte, 
Um certo investimento 
Em cultura, educação 
E festa a todo o momento, 

Como as danças em palácios, 
Lá da Europa trazidas, 
Nos salões iam pessoas, 
Só ricas e bem vestidas 
Em seus trajes luxuosos, 
Retratos de boas vidas. 

Com o tempo o povo simples 
Estas danças conheceu, 
Mas não gostou do que viu 
E por isso resolveu 
Fazer uma adaptação, 
Veja o que se sucedeu: 
-03-

A música lenta e suave 
Foi logo modificada, 
Entrou um ritmo mais forte, 
Mais alegre e foi usada 
Uma orquestra diferente 
Da que era apresentada. 

O piano deu lugar 
À sanfona e também
À zabumba e ao triângulo,
Trio que sabemos que vem 
Do nosso e bom forró, 
Som bonito que entretém. 

Foi o povo do interior, 
O primeiro a dançar 
A quadrilha desse jeito 
E logo passou a usar 
As roupas que eram então 
Típicas do seu lugar. 

Assim veio o chapéu de palha, 
Vestido ou saia de chita, 
A calça bem remendada, 
Florada, mas bem bonita, 
A camisa de xadrez, 
Gravata e laço de fita. 

A sandália currulepe, 
Alpercata ou botina, 
O lenço branco de seda, 
Um toque de gente fina, 
E também o xale de renda 
No pescoço da menina. 
-04- 

Outros tantos adereços 
Enfeitam o povo a dançar 
A quadrilha, que em pares 
Passa a se apresentar 
Festejando um casamento 
E a colheita do lugar. 

Celebra-se um casório 
Que o noivo nunca quer, 
Não importa se ele é feio, 
Se ela uma bela mulher, 
O noivo sem compromisso 
No meio do arrasta-pé. 

Geralmente o pai da noiva 
É o coronel do salão, 
É quem comanda a quadrilha 
Festejando São João, 
São Pedro e Santo Antônio,
O colher milho e feijão. 

Monta-se o arraial 
Repleto de bandeirinhas, 
De balão, fita e palhas, 
De coqueiro, corda e linha, 
Com palha de bananeira, 
Soltam-se traque e chuvinha... 

Soltam-se bombas e fogos, 
Mas com o devido cuidado. 
A fogueira já acesa 
Aquece os namorados. 
Faz-se adivinhação, 
Come-se milho assado. 
-05-

Do matuto lá da roça 
Mantém-se o linguajar: 
Coroné, malino, sô, 
Muié, paioça, trepá, 
Traquino, besta, cagado, 
Vixe Maria, lascar! 

Enquanto a quadrilha ensaia 
Sua apresentação 
São preparadas comidas 
Especiais à ocasião: 
Pamonha, bolo, canjica, 
Mungunzá, milho, baião. 

Bebe-se pinga ou quentão, 
É bom não exagerar, 
Uma é suficiente, 
Não é pra se embriagar 
E em frente a fogueira 
É fácil se encontrar... 

Inda hoje as pessoas 
Que uma tradição mantêm 
Ao escolherem padrinhos 
E as madrinhas também, 
Pedem bençãos, cantam, rezam, 
Pulam o fogo, dizem amém. 
-06

É este o clima que envolve 
Nossa quadrilha junina 
Que no meio do pavilhão, 
O coronel bem ensina 
Os passos para a criança, 
Pro adulto, jovem e à menina. 

O idoso também dança, 
Só quem não quer, fica fora, 
Anavantur, Anarriê, 
Balancê a toda hora 
E no caminho da roça, 
Meia volta e "vamo" embora! 

E as duplas vão dançando, 
As damas, os cavalheiros, 
A noiva, o noivo, o padre, 
A cigana, o seu parceiro, 
Soldado, trabalhador 
E a mulher do roceiro. 

Tem criança, cangaceiro, 
Tem príncipe e tem princesa, 
Juiz, rainha do milho, 
Sinhá-moça, camponesa, 
Marinheiro e o coronel 
Falando a la francesa. 
-07-

Forma-se uma grande roda, 
O povo todo a gritar, 
Olha a chuva, olha a cobra, 
Vamos nos cumprimentar, 
Fazer túnel e serrote 
E o bom baião dançar. 

Olha-se o balão subindo 
E as estrelas do céu, 
Agradecemos a Deus 
Por não vivermos ao léu 
E vez em quando se ouve 
Um poeta de cordel. 

Meu sonho é que a quadrilha
Nunca venha a se acabar,
Que haja festival, concursos,
Que todos possam dançar,
Mas com a preocupação
Pra não mais adulterar...

Os passos, as vestimentas,
A música que é tocada,
Pois tradição que se preza
Não gosta de ser mudada
E eu acho muito feia
Tradição estilizada. 
-08-
FIM

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